História do Paisagismo


História do Paisagismo, no Brasil e no mundo

Castelo Vaux-Le-Vicomte - Paris


1) Antecedentes

A partir do surgimento das primeiras formas de urbanização, o tratamento do espaço livre, tanto o público quanto o privado foi comum. Os palácios babilônicos, gregos, romanos e egípcios, por exemplo, possuíam pátios e terraços ajardinados - como os jardins suspensos- e os principais espaços públicos eram ornamentados com esculturas, colunatas, pórticos, fontes e árvores, muitas árvores.

Os jardins privados dos reis, sacerdotes e patrícios eram cuidadosamente elaborados, sendo que, durante o império romano, as casas patrícias e villas foram adornadas com sofisticados jardins, repuxos e tanques, tanto nas culturas ocidentais como nas orientais. Esre foi um fato corriqueiro; os jardins das cortes da China, Índia, Tailândia e do Japão são bons exemplos e, pela sua qualidade técnica e formal influenciaram, nos últimos 400 anos, o paisagismo europeu.
Na Europa Medieval, no Barroco e no Renascimento, o tratamento paisagístico consiste no universo europeu-dos jardins de Tivoli, na Itália, aos parques de Le Nôtre e jardins mouros de Granada e Córdoba.

O século XIX foi um tempo de grandes mudanças sociais e da criação de novos hábitos de consumo. 

Tornaram-se comuns os manuais de jardinagem e os catálogos de produtos para jardim, como estufas, colunatas e fontes que foram exportados para o mundo pela Inglaterra e França.

Exportaram-se estufas para plantas tropicais, adequadas ao rigoroso inverno europeu.

Neste período destacou-se o trabalho de Alphand e sua equipe em Paris, que projetaram grandes obras de remodelação urbana dotando a cidade de parques públicos os quais serviram de modelo para inúmeros outros logradouros no mundo afora. Os grandes bulevares de Paris, a remodelação dos bosques de boulogne-Chamount, Montsouris e Monceau são ícones da época e influenciaram parques em todo o mundo - da Europa à América Latina, inclusive Brasil, Argentina e Uruguai.

Os Estados Unidos da metade do século XIX foi palco de importante surto de desenvolvimento paisagístico. A criação do Central Park, de Calvert Vaux é um marco para a concepção paisagística do parque  urbano moderno contemporâneo, tornando-se o primeiro de uma centena de outros parques que surgiram pelo país e base para o denominado Americam Park Movement. 

O século XX consolida o paisagismo como uma atividade profissional de necessidade social, em especial, com a crescente urbanização.

Nos Estados Unidos dos anos 1930 e 1940, são feitas experiências definitivas de projetos paisagísticos, tanto no âmbito público como no privado, especialmente na Califórnia. Nomes como Thomas Church, Lawrence Halprin e Garret Eckbo, são referências, influenciando projetos e projetistas por todo o mundo.

São exploradas novas formas de organização espacial, novos procedimentos de plantio e são adotados novos programas de uso para o espaço livre, no qual, a atividade recreativa passa a ser uma constante. Conceitos novos são utilizados e, agora, o espaço externo deve ser uma continuidade do interno, ideia comum em nossos dias. O playground e a piscina são elementos obrigatórios.

O ínicio do século XX mostra uma ampliação do escopo paisagístico, pois durante este período ocorre:

- O incorporação do viés ambientalista;
- O surgimento do planejamento Ambiental e Paisagístico( influenciado por correntes europeias - alemãs em especial - e americanas com nomes de ponta como Mcharg, John T. Lyle e Richard Forman
- A volta de elementos do ecletismo paisagístico do século XIX e início do XX
-  Introdução do uso da cenografia e da colagem formal pós-modernista
- Surgimento do Land Art.
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2)Paisagismo no Brasil


Aterro do Flamengo RJ


Para muitos o paisagismo no Brasil tem origem com Roberto Burle Max que, a partir dos anos 30, do século XX, exerce atividade profissional intensa, concebendo, com suas diferentes equipes, espaços de alta qualidade. 
As origens  do paisagismo nacional se dão concomitantemente àquela ocorrida nos Estados Unidos e Europa, com a vinda de Antonie Glaziou para a Corte do Segundo Império que, como paisagista oficial de Dom Pedro II, por aqui trabalhou por anos.

Glaziou criou os mais importantes espaços paisagísticos do período, como Parque da Quinta da Boa Vista, Parque São Clemente para os barões de Nova Friburgo e o Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Este, desenhado à inglesa dentro dos cânones do paisagismo romântico francês, torna-se o primeiro parque público do Brasil, projetado pata tal.

Glaziou foi um pesquisador da flora nacional, aproveitando sua experiência junto aos trabalhos de Alphad, em Paris. A alta qualidade de seu trabalho para o imperador e para as elites do Segundo Império o torna a figura principal do paisagismo brasileiro do período.

2) a) Primeiras formas de urbanização no Brasil:

A tradição do projeto paisagístico foi então instaurada no país e largamente solicitada pelas elites nacionais, tendo como autores João e Reinaldo Dieberger, Paul Villon, Arsènne Puttemans e muitos outros.

O surgimento de Burle Max, que se tornou o paisagista oficial da nova república, foi uma decorrência de um processo já instaurado.

O paisagista, de talento excepcional, viu-se envolvido e produziu projetos de  extrema qualidade, como o parque do Aterro do Flamengo, os jardins dos palácios de Brasília e muitos outros, tanto para o Estado - parques, praças e jardins para edifícios públicos - como para projetos paisagísticos particulares - parques em fazendas e jardins residenciais.

A obra de Burle Max extrapolou e muito as fronteiras nacionais, sendo uma referência para o paisagismo moderno mundial durante o século XX, lado a lado a nomes como Barragam, Eckbo, Halprin e outros. Por outro lado, seu conhecimento no Brasil, só se popularizou a partis da década de 1990, com a constante publicação de suas obras, após sua morte em 1994.

2) b) A crescente urbanização e o paisagismo como uma atividade profissional de necessidade social:

A partir de 1950, no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, em especial, uma série de profissionais paisagistas começa a surgir - muitos provenientes dos cursos de arquitetura e urbanismo -, atendendo as novas demandas em andamento, tanto do poder público como das classes médias em ascensão.

Estes, fortemente influenciados pela obra dos paisagistas americanos como Eckbo e Halprin e pelo brasileiro Burle Max, pautam seus projetos pelo uso intensivo e extensivo da vegetação nacional e das formas livres, sinuosas ou ortogonais para pisos e águas.

O final do século XX é caracterizado por um intenso trabalho paisagístico, no país, com a abertura de novos mercados, em especial, dentro do poder público, o qual cria e patrocina equipes para a produção de projetos paisagísticos de praças, parques e calçadões e para o mercado imobiliário que necessita de profissional paisagista para seus empreendimentos, desenhando espaços livres de ´condomínios horizontais e verticais, praças  corporativas e loteamentos. 

Inicia-se uma revisão de princípios modernistas e uma liberdade formal é implantada, convivendo lado a lado projetos formalistas , remissões ao velho ecletismo com formalizações tropicais, novas cenografias e configurações ambientalistas em sincretismo total, nunca antes imaginado.

Este é um período de rupturas drásticas de tolerância formal  e de grande expansão do mercado paisagístico nacional, com o surgimento constante de novos autores e o crescimento da importância e abrangência de autores consagrados, com um resultado em porte e qualidade nunca antes observado. Pesquisa: revista jardins